top of page

Caneta para Teste de Diamantes (Diamond Tester):

  • Foto do escritor: anacef
    anacef
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura
Fundamentos, Aplicações, Alcances e Limitações Técnicas

ree

A caneta para teste de diamantes — conhecida como Diamond Tester — é um equipamento portátil utilizado na identificação preliminar de gemas, baseando-se em suas propriedades de condutividade térmica e, em alguns modelos, também condutividade elétrica. Seu emprego é amplamente difundido por oferecer um teste não destrutivo, rápido e acessível.

Apesar disso, o uso da caneta exige compreensão das propriedades físico-químicas dos materiais analisados, das possíveis interferências e de suas limitações metodológicas, especialmente frente aos simulantes modernos.


1.      Fundamentos: Condutividade Térmica em Gemologia

Cada material, natural ou sintético, possui características próprias de absorção, retenção e transmissão de calor. A taxa de dissipação térmica — parâmetro central analisado pelo Diamond Tester — é altamente dependente da composição química, estrutura cristalina e organização atômica.

O diamante apresenta:

  • Condutividade térmica extremamente elevada (a maior entre os materiais naturais conhecidos);

  • Consistência dessa propriedade entre suas variedades (diamante natural, HPHT, CVD, com pequenas variações);

  • Diferenças claras em relação à maioria dos simulantes tradicionais, como zircônia cúbica, vidro, quartzo, topázio e espinélio sintético.

Por essa razão, historicamente, a avaliação da condutividade térmica mostrou-se ferramenta eficaz para distinguir diamantes de simulantes com comportamento térmico inferior.


2.      Finalidade e Aplicações da Caneta Testadora

A caneta de condutividade térmica é uma ferramenta de triagem inicial, não um instrumento de diagnóstico conclusivo. Entre suas aplicações, destacam-se:

·         Diferenciar diamantes de materiais com baixa condutividade;

·         Triar lotes de gemas montadas e soltas;

·         Apoiar avaliações de penhor, compra e venda, assistência técnica;

·         Reduzir a necessidade de testes invasivos ou demorados.


3.      Funcionamento Técnico da Caneta de Condutividade Térmica

O princípio operacional baseia-se na medição da taxa de perda de calor da ponta metálica aquecida ao entrar em contato com a gema.


3.1.   Ciclo de Operação

A ponta metálica é aquecida internamente.

Ao tocar a gema, a ponta perde calor em intensidade proporcional à condutividade do material testado.

O microcircuito interno avalia:

·         quantidade de calor perdido;

·         velocidade do fluxo térmico;

·         padrão de dissipação.

O equipamento compara o resultado com valores de referência e exibe:

·         faixa “diamond”

·         faixa “moissanite” (em modelos híbridos)

·         materiais comuns (CZ, vidro, etc.)


3.2.   Influências Externas

A precisão da leitura pode ser afetada por:

·         Resíduos de gordura ou poeira sobre a gema;

·         Temperatura ambiente muito baixa ou muito alta;

·         Condensação;

·         Montagem da joia (metal conduz calor e altera leitura);

·         Tamanho reduzido da gema (área de contato insuficiente).

 

4.      Tabelas e Planilhas Técnicas
4.1.   Comparativo de características de gemas (Modelo antigo)
ree

Até alguns anos atrás, estes parâmetros bastavam para a separação entre o diamante e seus simulantes.


4.2.   Comparativo de características de gemas (Modelo novo)
ree

Características dos subtipos de diamantes e seus principais simulantes


ree

Simulantes mais incomuns do diamante


4.3.   Gráfico de Resposta do Diamond Tester
ree

Nota-se que a moissanita pode apresentar resultado “falso positivo” no teste térmico.


ree

As demais gemas, no entanto, se distanciam do diamante no aspecto estudado.






5.      Limitações e Considerações Críticas
5.1.   Falsos Positivos

A moissanita é o caso mais relevante.

Modelos térmicos não conseguem distingui-la do diamante.


5.2.   Falsos Negativos

Podem ocorrer quando:

·         a ponta não está adequadamente aquecida;

·         a gema é muito pequena;

·         há sujeira, gordura, umidade ou contato superficial insuficiente.


5.3.   Casos que exigem testes avançados

·         Suspeita de diamante CVD com camada modificada;

·         Inclusões metálicas em HPHT;

·         Diamantes tratados para alterar cor;

·         Montagens complexas (joias grandes ou metal muito espesso).

Nesses cenários, recomendam-se outros testes complementares.


6.      Avanço dos Simulantes e Impacto na Testagem

O desenvolvimento de processos de síntese e materiais avançados trouxe novos desafios:


6.1.   Moissanita Sintética (SiC)

A moissanita apresenta condutividade térmica alta, por vezes próxima ou equivalente à do diamante. Isso ocasiona falsos positivos em testadores exclusivamente térmicos.


6.2.   Materiais de Alta Tecnologia

Novos simulantes policristalinos ou cerâmicos, menos comuns no mercado mas presentes em nichos específicos, também podem alterar o comportamento térmico dentro da faixa "diamante-like".


6.3.   Diamantes de Laboratório (CVD/HPHT)

Apesar de apresentarem condutividade semelhante à do diamante natural, podem exibir:

·         Zonas de crescimento com ligeira variação térmica;

·         Inclusões metálicas (em HPHT), alterando levemente a resposta em equipamentos híbridos térmico+elétrico.

Essas nuances reforçam a necessidade de combinação de testes.


7.      Conclusão Técnica

A caneta para teste de diamantes é uma ferramenta eficiente, rápida e valiosa na triagem inicial, mas suas limitações tornam obrigatória a aplicação de múltiplos métodos complementares, especialmente à luz dos avanços em simulantes modernos.

A identificação gemológica profissional exige a integração entre:

·         testes térmicos,

·         testes elétricos,

·         características ópticas,

·         microscopia,

·         e, quando necessário, métodos laboratoriais especializados.

A caneta, portanto, deve ser vista como ferramenta auxiliar, não conclusiva. Deve ser utilizada em conjunto com avaliação óptica e outros testes.



8.      Fontes Técnicas Consultadas

·         Gemas do Mundo; Schuman, W.; Disal Editora, Barueri, SP.; 9ª edição, 2006.

·         Curso de Formação de Avaliadores de Penhor (CEF)

·         Comparação entre o diamante e seus simulantes (inglês); IGS – Sociedade Internacional de Gemologia; https://www.gemsociety.org/article/diamond-and-simulant-comparison-chart/ ; consultado em:  29 de novembro de 2025 às 23:00

·         Manual Técnico de Gemas – IBGM Disponível para Download https://www.gemologiaibgm.com.br/laboratorio/wp-content/uploads/2011/11/mtg_20051.pdf ; consultado em:  29 de novembro de 2025 às 23:00

·         Entendendo os Testadores de Diamante; Diamondrensuhttps://diamondrensu.com/blogs/education/how-does-a-diamond-tester-work?srsltid=AfmBOooUHaWVmUON1SJVTD8DmglxbTLveytZvxeYAbJ8n7gVPwkjBkrH consultado em:  29 de novembro de 2025 às 23:00

·         Thermal Properties of Gem Materials, Synthetics, andSimulants, as well as Some Metalsat Room Temperature; IGS – Sociedade Internacional de Gemologia;  https://www.gemsociety.org/article/thermal-properties-gems/ ; consultado em:  29 de novembro de 2025 às 23:00

·         The Gem Diamond Master and the Thermal Properties of Gems; GIA; https://www.gia.edu/doc/The-Gem-DiamondMaster-and-the-Thermal-Properties-of-Gems.pdf ; consultado em:  29 de novembro de 2025 às 23:00



Roque Valente

Avaliador de Penhor, Instrutor do Curso de Formação de Avaliadores de Penhor e do Treinamento de Diamantes, atualmente lotado na Agência Mogi das Cruzes/SP

 
 
 

Comentários


Entre em contato com a ANACEF
Canal reservado para dúvidas, sugestões, elogios, reclamações ou 
problemas com o formulário de inscrição.
anacef@anacef.org.br

Sua mensagem foi enviada com sucesso! Logo retornaremos seu contato.

@2016 by Michele Venzo, created with wix.com

bottom of page